Política

Vereadores vão investigar obra parada da sede da Câmara

José Mauro Batista

Depois de quase quatro anos de paralisação da obra de sua nova sede, a Câmara de Vereadores de Santa Maia decidiu nessa terça-feira realizar a sua própria investigação sobre supostas irregularidades envolvendo a construção, que parou em janeiro de 2013. A decisão foi tomada por 20 dos 21 parlamentares em reunião a portas fechadas no gabinete da Presidência da Casa.

A investigação será feita por uma comissão especial, mas não está descartada a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) caso permaneçam dúvidas ou surjam fatos novos. A comissão foi aprovada na terça-feira por unanimidade, com a assinatura dos 21 vereadores, incluindo Maria Aparecida Brizola (PP), Drª Cida Brizola, que devido a um compromisso não participou da reunião na Presidência. A investigação será presidida por Daniel Diniz (PT), que terá como vice, Marion Mortari (PSD), e como relator, Juliano Soares (PSDB), Juba.

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– Se a comissão especial encontrar algo que justifique uma CPI, vamos pedir uma CPI. Todos os vereadores estão interessados em esclarecer os fatos porque isso é escandaloso – argumentou Valdir Oliveira (PT), líder da oposição.

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Os líderes do PMDB, João Kaus; e do PP, Vanderlei Araujo, também defendem uma investigação mais ampla caso a comissão especial seja insuficiente.

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– É uma questão que tem que ser esclarecida, tem dinheiro público envolvido – apontou Kaus.

O futuro relator da comissão especial diz que não há um fato determinado que justifique uma CPI agora. O líder do DEM, Manoel Badke, um dos três ex-presidentes da Casa citados no parecer do MPC, reiterou seu apoio à investigação.

– Eu queria inclusive uma CPI. Depois vou judicializar a minha defesa, vou juntar tudo o que for publicado e irei à Justiça – disse Maneco.

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Segundo Diniz, que também é líder do PT, a comissão deverá ser instalada até sexta-feira e uma das primeiras ações será uma visita ao TCE, no dia 5 de dezembro. O prazo para concluir os trabalhos é de 60 dias prorrogáveis por mais 30, mas poderá ser suspenso toda vez que atrasar algum documento, por exemplo.

Vereadores fazem reunião e decidem fazer comissão especial para investigar a obra para da Câmara
Em reunião com a presença de 20 vereadores, na terça-feira, Câmara decidiu criar comissão especial para investigar casoFoto: Thaís Hoerlle / Câmara de vereadores

Há mais três averiguações sobre a construção do prédio

O pedido de investigação foi encaminhado pela bancada do PT após o Ministério Público de Contas (MPC), vinculado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), emitir parecer sugerindo que três ex-presidentes da Casa devolvam R$ 672 mil aos cofres públicos. O parecer, do início deste mês, é assinado pelo procurador-geral do MPC, Geraldo Da Camino.

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Todas as bancadas concordaram que a Câmara tem o dever de dar uma explicação aos santa-marienses sobre o projeto de sua nova sede, que teria consumido entre R$ 1,3 milhão e R$ 1,6 milhão. Com a paralisação e o desgaste do tempo parte do material dificilmente será aproveitado, configurando desperdício de dinheiro público.

Como o parecer do MPC cita os ex-presidentes Sandra Rebelato (PP), Manoel Badke (DEM), Maneco; e Marcelo Bisogno (PDT), os partidos deles abriram mão de participar da comissão especial na Câmara. 

SINDICÂNCIA

Além do Tribunal de Contas do Estado, o Ministério Público (MP), a prefeitura também investiga a obra por meio de sindicância instaurada em 8 de novembro do ano passado. Segundo o controlador-geral do município, Alexandre Lima, a sindicância ainda não foi concluída.

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– Estamos pedindo explicações do fiscal do contrato (com a empresa Engeporto, que deixou a obra em janeiro de 2013) e sobre os apontamentos que o tribunal fez – explicou Lima.

Um arquiteto, que não é mais servidor da prefeitura, era o fiscal da obra pelo município. Há, ainda, um inquérito instaurado pelo Ministério Público.

PROJETO POLÊMICO

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– R$ 4,9 milhões foi o custo total orçado em 2011, época em que foi lançada a licitação da obra  com a área de 3.987,69m²

–  O projeto da nova sede previa, originalmente, 26 gabinetes com 40m² cada, em cinco andares, além de auditório para 400 pessoas no térreo

Obra do prédio da Câmara de Vereadores de Santa Maria está paralisada desde 2013
Nova sede, ao lado da atual, projetada em 2011, tem projeto luxuoso orçado inicialmente em R$ 4,9 milhõesFoto: Reprodução / Câmara de Vereadores

–  Para cada gabinete foram previstos sala de recepção, sala para assessoria, banheiros, copa/lavabo e gabinete para o vereador

O IMPASSE

– Em dezembro de 2011, a Câmara assina a ordem de serviço com a empreiteira Engeporto, de Campo Bom

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–   Em janeiro de 2012, a obra teve início, mas no segundo semestre a construção foi embargada por descumprimento de normas de segurança

–  Em dezembro de 2012, a empreiteira foi notificada por descumprir os prazos da obra, que deveria ser entregue naquele mês

–  Em janeiro de 2013, a construtora deixou o canteiro de obras devido à rescisão do contrato

–  Em novembro de 2014, auditores do Tribunal de Contas do Estado avaliaram a obra

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– A estimativa é que a Câmara tenha gastado entre R$ 1,3 milhão e R$ 1,6 milhão para iniciar a obra

–  A Câmara fez uma licitação para contratar uma empresa para realizar a limpeza da estrutura e um levantamento do que será preciso para retomar a obra. Depois, será preciso abrir licitação para contratar a empreiteira que retomará a construção

INSPEÇÃO NO TRIBUNAL DE CONTAS

 – Após inspeção extraordinária do TCE, autorizada em sessão em de 24 de setembro de 2014, o Ministério Público de Contas (MPC) emitiu parecer analisando as supostas irregularidades na contratação e execução da obra

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– O relatório, um documento preliminar, sugere que seja devolvido o montante de R$ 672 mil por 3 gestores: Sandra Rebelato (R$ 8,3 mil), Manoel Badke (R$ 157 mil) e Marcelo Bisogno (R$ 507 mil). Os 3 negam irregularidades e disseram ter seguido orientações de assessores jurídicos e de outras áreas da Câmara

– O caso vai para o relator Iradir Pietroski, que analisará toda a documentação, o parecer do MPC e a defesa dos ex-presidentes

– Pietroski poderá sugerir o arquivamento ou andamento do caso. A decisão final caberá ao pleno do Tribunal de Contas ou a uma de suas duas câmaras


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